Está previsto para 10h desta terça-feira (11) o início do júri popular de Jorge Guaranho, ex-policial penal réu por homicídio duplamente qualificado pelo assassinato de Marcelo Arruda, guarda municipal e tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) de Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná.

O julgamento será no Tribunal do Júri de Curitiba após a Justiça atender pedido de desaforamento feito pela defesa de Guaranho, que alegou que a realização do julgamento em Foz, onde crime aconteceu, possibilitaria risco de parcialidade dos jurados.

O júri popular será presidido pela juíza Mychelle Pacheco Cintra Stadler, magistrada da Vara Privativa do Tribunal do Júri do Foro Central de Curitiba. 11 pessoas deverão ser ouvidas. 

O crime aconteceu em 9 julho de 2022, em Foz do Iguaçu. Arruda comemorava 50 anos com festa temática de Lula e do PT. Segundo a investigação, Guaranho invadiu a festa e disparou contra Arruda, que revidou. O tesoureiro morreu na madrugada do dia 10.

Guaranho está em prisão domiciliar desde setembro do ano passado. Antes disso, ele estava preso no Complexo Médico de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, para onde foi levado um mês após o crime, quando recebeu alta hospitalar.

O júri começará com a escolha dos sete jurados para a formação do Conselho de Sentença. Para isso, 25 pessoas foram convocadas, além de 55 suplentes.

O serviço de júri é obrigatório no Brasil, mas os sorteados podem alegar impedimento e cada parte envolvida no processo pode dispensar até três jurados sorteados sem qualquer justificativa. Se os primeiros sorteados não cumprirem os requisitos de participação no júri, é feito sorteio de suplentes.

A Justiça afirma que o júri de Jorge Guaranho pode se estender até a quinta-feira (13).

Quem irá ser ouvido (a)?

Testemunhas de Jorge Guaranho:

  1. Daniele Lima dos Santos, vigilante que estava próxima ao local do crime e que falou em depoimento à Polícia Civil ter ouvido ex-policial penal gritar “aqui é Bolsonaro” pouco antes dele atirar em Arruda;
  2. Alexandre José dos Santos, amigo de Marcelo Arruda que participava da festa.
  3. Francielle Sales da Silva, esposa de Jorge Guaranho que esteve com ele na primeira ida ao local onde acontecia a festa de Arruda e afirmou que o marido gritou “Bolsonaro mito!”;
  4. Marcelo Adriano Ferreira;
  5. Márcio Jacob Muller Murback, amigo de Guaranho que tinha acesso às imagens das câmeras de segurança da associação onde ocorria a festa de Arruda e que afirmou à polícia ter sido através do celular dele que Guaranho soube da festa de Arruda, mas “permaneceu normal”.

A defesa de Guaranho também quer que sejam ouvidos três peritos que elaboraram os laudos do caso. São eles:

  • Rodrigo Cavalcanti de Oliveira Neves
  • Simone Cristina Malysz
  • Denise de Oliveira Carneiro Berejuk

Testemunhas da acusação:

  1. Pâmela Suellen Silva, esposa de Marcelo Arruda e que tentou evitar disparos de Guaranho contra o marido dizendo ao atirador que é policial civil;
  2. Leonardo Miranda Arruda, filho mais velho de Marcelo Arruda que estava na festa do pai e presenciou discussão dele com Guaranho; (não será ouvido porque foi dispensado pela defesa de Guaranho).
  3. Daniele Lima dos Santos, a mesma vigilante arrolada pela defesa de Guaranho;
  4. Edemir Alexandre Riquelme Gonsalves, amigo de Marcelo Arruda;
  5. Wolfgang Vaz Neitzel, amigo de Marcelo Arruda que participou da festa e viu discussão que terminou com o assassinato.

O réu, Jorge Guaranho, será o último a ser ouvido.

Após os debates, o júri popular vai para a fase chamada de quesitação, quando os jurados são questionados se condenam ou absolvem o réu.

Crime a que Guaranho responde

Em 22 de julho, 12 dias após o crime, Guaranho se tornou réu por homicídio duplamente qualificado após a Justiça aceitar e denúncia do Ministério Público do Paraná (MP-PR).

O juiz Gustavo Germano Francisco Arguello acolheu a avaliação do MP de que Guaranho agiu por motivo fútil decorrente de “preferências político-partidárias antagônicas” e que o policial colocou a vida de mais pessoas em risco ao efetuar os disparos no salão de festas.

Em março de 2024, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, demitiu Guaranho após um Processo Administrativo Disciplinar (PAD), instaurado à época do crime.

Conforme as investigações, Jorge Guaranho invadiu a festa de aniversário de Marcelo Arruda e os dois discutiram. Cerca de 10 minutos depois, o policial penal voltou ao local, armado, e disparou contra Arruda, que revidou usando a arma que carregava por ser guarda municipal.

Arruda foi socorrido, mas morreu na madrugada de 10 de julho de 2022. Ele deixou quatro filhos. Na época do crime, um deles tinha pouco mais de 40 dias.

Após o crime, Guaranho foi agredido por convidados presentes na festa de Marcelo. Ele foi internado e permaneceu em hospital de Foz do Iguaçu até ter alta e ser encaminhado ao Complexo Médico-Penal de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, onde ficou preso até setembro 2024. Atualmente, Guaranho cumpre prisão domiciliar.

Por G1