Promovido pelo Undesa, encontro teve a participação do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.
A Itaipu Binacional apresentou, nesta quinta-feira (4), em Glasgow (Escócia), as medidas de enfrentamento das mudanças climáticas adotadas tanto na usina como na área de influência do reservatório. As medidas foram apresentadas pelo diretor de Coordenação, general Luiz Felipe Carbonell, em evento promovido pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU (Undesa, na sigla em inglês).
A abertura do encontro foi feita pelo ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, que destacou a Itaipu como caso de sucesso na cooperação entre dois países e na promoção da geração de energia limpa e renovável. “A transição energética começou no Brasil 50 anos atrás, quando decidimos, junto com o Paraguai, construir a Itaipu, um exemplo de sustentabilidade para os demais países”, afirmou o ministro.
Carbonell mencionou as medidas de enfrentamento das mudanças climáticas, dividindo-as em infraestrutura verde (ecossistemas) e infraestrutura cinza (obras, equipamentos e tecnologias) e classificando-as em medidas de adaptação e mitigação, e medidas de resiliência. Entre as medidas de mitigação e adaptação, destacam-se os investimentos na atualização tecnológica da usina, a implantação da microcentral termelétrica a biogás, a adoção de biometano para uso na frota e o plantio de 24 milhões de árvores nativas da Mata Atlântica na margem brasileira do reservatório.
Já as medidas de adaptação incluem o sistema de gestão da operação e manutenção da usina combinado com o regime hidrológico e a coordenação do Operador Nacional do Sistema (ONS), para promover o máximo aproveitamento energético de toda a água que chega ao reservatório; e a manutenção de mais de 100 mil hectares de áreas verdes em torno do reservatório, como estratégia de garantir a qualidade e a quantidade de água no longo prazo e, assim, promover a segurança energética.
“A sustentabilidade é parte do negócio da Itaipu. Ou seja, cuidar do território, em seus aspectos ambientais, econômicos e sociais, é algo diretamente ligado à geração de energia”, afirmou. “Por exemplo, 20% da água que passa pelas turbinas têm origem na área de influência direta do reservatório, em municípios do Mato Grosso do Sul e do Paraná. E cuidando bem das microbacias da região, podemos incrementar essa quantidade de água e, assim, gerar mais energia para o Brasil e o Paraguai”, completou.
Além da Itaipu, o evento “Soluções Sustentáveis em Água e Energia e seu papel no Combate às Mudanças Climáticas” contou com a apresentação de casos do Canal de Isabel II, empresa de saneamento da Espanha; do Instituto Privado de Pesquisas em Mudança do Clima (ICC), da Guatemala; da empresa SOLshare, de Bangladesh; e da Fundação de Energia Solar, da Alemanha. O evento híbrido (presencial e on-line) teve a participação de cerca de cem pessoas de várias partes do mundo.
O sub-secretário geral do Undesa, Liu Zhenmin, também participou, destacando a necessidade de recuperar o atraso em vários Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A conselheira Maria Antonia Gwynn, da margem paraguaia da Itaipu, foi responsável pelas palavras de encerramento, chamando a atenção para a importância da cooperação internacional para a promoção do desenvolvimento sustentável.
Apresentação de estudo de caso
A agenda da Itaipu na COP 26 nesta quinta-feira também incluiu a apresentação do sistema de gestão territorial sustentável da Itaipu no estande do Brasil em Glasgow, com transmissão pelo YouTube por meio do canal do Ministério do Meio Ambiente. O secretário adjunto do Clima e Relações Internacionais do MMA, Marcelo Freire, destacou a grande diversidade de iniciativas sustentáveis da Itaipu com potencial para a cooperação internacional.
O case da binacional foi apresentado pelo superintendente de Gestão Ambiental, Ariel Scheffer da Silva, que mostrou um histórico da gestão do meio ambiente desde a concepção do projeto original da usina. Desde o início, foram adotadas medidas ambientais voltadas a maximizar a vida útil do reservatório, reduzindo a deposição de sedimentos. “A conservação da biodiversidade é vital para a proteção do reservatório. E são medidas que têm grande impacto econômico, uma vez que a redução em um ano na vida útil do reservatório implica em uma perda de 3 a 4 bilhões de dólares em faturamento na geração de energia para o Brasil e o Paraguai”, disse o superintendente.