Humanização, respeito e atenção às necessidades de cada estudante são a base do Programa de Atendimento Domiciliar e Hospitalar (PAPEDH)

Em Foz do Iguaçu, crianças afastadas das salas de aula para tratamento de saúde recebem o atendimento domiciliar da Secretaria Municipal da Educação. Criado em 2013, o Programa de Atendimento Domiciliar e Hospitalar (PAPEDH) ultrapassa suas atribuições, de garantir o direito à aprendizagem, e promove o bem-estar coletivo, de alunos e familiares, que passam por momentos delicados e, muitas vezes, dolorosos.

Atualmente, 13 crianças do 1º ao 5º ano do ensino fundamental recebem as visitas da equipe, duas vezes por semana.

A coordenadora do PAPEDH, professora Hérica Leão Soares, explica que o período de afastamento da escola pode ser uma experiência difícil para a criança, podendo causar irritabilidade, desmotivação e estresse. Por isso, o papel do professor vai além do pedagógico.

“Realizamos um trabalho lúdico e educativo que pode evitar a defasagem de conteúdo e a distorção entre idade/ano escolar, reduzindo assim a evasão de alunos que estão em tratamento de saúde”, afirma. “O atendimento domiciliar deve ir além de um encontro pedagógico, deve ser um encontro humano, onde a sinceridade, a responsabilidade e o entusiasmo se fazem presentes a cada dia”, descreveu.

Valorização

Para Marciane Poncio, mãe do pequeno Otávio, de 7 anos, o respeito e a atenção às necessidades do filho fazem toda a diferença no processo da aprendizagem. “Otávio estava no último ano do Cmei, em 2020, quando veio a pandemia e toda aquela insegurança. Fui apresentada ao PAPEDH pela própria Diretoria de Educação Especial, que já fazia o acompanhamento dele e, junto com a orientação da neurologista, optamos pelo atendimento domiciliar, já que ele não conseguiria adotar os protocolos de segurança, como o uso de máscara, por exemplo”.

Otávio foi diagnosticado com epilepsia aos onze meses e TEA (Transtorno do Espectro Autista) aos quatro anos de idade. Desde o ano passado, ele recebe atendimento domiciliar com a professora Hérica. Agora, ele está no 2º ano do Ensino Fundamental e, a curto prazo, poderá voltar a frequentar a escola.

“Neste período de atendimento conseguimos ver a evolução dele, reconhecendo os números, as letras, as cores e os animais, graças ao atendimento da professora Hérica. Ela tem todo o carinho com ele e desenvolve as aulas mesclando os materiais, com dinâmicas diferentes. Isso porque o Otávio precisa desse estímulo e coisas diferentes chamam atenção dele. A professora já é alguém da nossa família”, disse Marciane.

Susana Cabral, mãe da estudante Amanda, de 10 anos, conta que o trabalho realizado pelo programa trouxe mais tranquilidade à família, que há dois anos se mudou do Paraguai para Foz do Iguaçu para o tratamento de saúde da filha. “Amanda ficou um ano fora da escola por conta da enfermidade e não queria mais voltar a estudar, só queria assistir televisão. A professora Hérica, sempre muito amorosa e paciente, foi entendendo as necessidades dela e ganhando confiança”, contou.

Amanda possui uma lesão no lado esquerdo do cérebro que afeta os movimentos do lado direito do corpo. Por essa razão, o trabalho da professora é minucioso, respeitando o tempo e as habilidades da estudante, que hoje está no 4º ano do ensino fundamental. “Amanda toma vários medicamentos e está estável, há dias não tem tremor no braço. Estamos aguardando uma cirurgia no Hospital Pequeno Príncipe [em Curitiba] e felizmente nossa rede de apoio é muito boa. As aulas do PAPEDH fazem a diferença na vida dela”, afirmou a mãe.

Como funciona?

Para receber o atendimento, é necessário um laudo médico relatando a necessidade que faz a criança estar afastada das atividades da escola e um atestado médico com mais de 30 dias.

Cada criança é atendida duas vezes por semana durante 1h30 minutos, e recebe alta do atendimento mediante parecer médico que a autorize retornar às atividades escolares presenciais.

O atendimento educacional ao aluno afastado por motivos de saúde está assegurado pela lei federal nº 13.716/2018.