Educadoras contam como foi lidar com a falta das relações interpessoais e destacam a importância do aprendizado em sala de aula
O processo de ensino e aprendizagem se transformou durante a pandemia da Covid-19. Com escolas fechadas e a necessidade do isolamento social, professores tiveram que se reinventar para tornar significativa a prática pedagógica com os alunos.
Neste 15 de outubro, quando é celebrado o Dia do Professor (a), educadoras que integram a rede municipal de ensino de Foz do Iguaçu relatam como foi o difícil cotidiano do ensino a distância e quais os desafios da educação no período de pós-pandemia.
Para a professora Susyane Katlyn de Souza, a ausência do contato foi a maior tristeza e o grande desafio enquanto profissional. “Foi um período muito difícil, especialmente pela distância. Sabíamos que muitos alunos não tinham recursos ou acesso aos materiais e os pais, muitas vezes, não tinham o conhecimento para acompanhar as atividades remotas”.
Susyane, que é professora do ensino fundamental, afirma que a retomada das aulas presenciais foi marcada por um misto de emoções. “Foi um alívio retornar e encontrar meus alunos, mas tive medo porque ainda estávamos numa pandemia e não sabia o que poderia encontrar, se alguma criança tinha perdido algum familiar para a doença ou como seria esse novo cenário”, contou.
“A retomada foi difícil e ainda será. Quanto mais tempo uma criança permaneceu longe da escola, maior foi a defasagem. O mais importante agora é que todos estão lá e estão com saúde. Se a pandemia trouxe algum aprendizado, foi o de valorizar a vida, a família e esses momentos”, descreveu Susyane.
Para a professora Uiara de Fátima Silveira, a falta de comprometimento de algumas famílias dificultou o aprendizado dos estudantes durante as atividades remotas. “É compreensível que muitas famílias não tenham o conhecimento necessário, mas infelizmente, mesmo com todo o suporte oferecido pelos professores, alguns pais não levaram a sério as atividades, o que prejudicou consideravelmente a aprendizagem dos alunos, inclusive daqueles que não apresentavam dificuldades”, disse.
O relato da professora condiz com os resultados da pesquisa “A situação dos professores no Brasil durante a pandemia”, realizada em maio do ano passado pela Nova Escola. O levantamento com 8,5 mil professores apontou que apenas 32% tinham a participação efetiva dos alunos nas atividades remotas.
Uiara acredita que a pandemia mostrou para o mundo a importância da educação e do professor em sala de aula. “Nada substitui as aulas presenciais. O ensino mediado pelo professor é fundamental, uma vez que, por trás de cada atividade proposta, existem anos de estudo e preparação para que a aprendizagem aconteça de maneira efetiva e satisfatória”, ressaltou.
Os novos desafios, para ela, envolvem o atendimento especializado a cada aluno dentro de suas necessidades. “Meu maior sonho como professora é que todas as crianças tenham acesso a um ensino de qualidade e seja respeitada em suas peculiaridades. Não adianta o professor querer ensinar a todos da mesma maneira. Cada aluno é único e aprende à sua maneira”.
Mesmo com todas as dificuldades impostas pela pandemia, a professora Elizabeth Vieira acredita que ela trouxe muitos ensinamentos sobre a educação. “A pandemia mostrou o quão importante é a nossa profissão e o professor para o aluno. Estar perto novamente das nossas crianças mostra o quanto temos que valorizar essas oportunidades”, descreveu.
Cenário
A rede municipal de ensino possui mais de 2 mil professores que atuam em 50 escolas e 41 CMEIs (Centro Municipal de Educação Infantil). Em março de 2020 as aulas foram suspensas devido à Covid-19 e o atendimento aos alunos foi mantido através de atividades remotas enviadas quinzenalmente aos pais.
As aulas presenciais foram retomadas em maio deste ano para cinco escolas, que realizaram uma espécie de projeto-piloto. Em 28 de junho, iniciou-se um cronograma de retorno gradativo dos alunos do ensino fundamental e turmas de Infantil 4 e 5 dos CMEIs.
Em 27 de setembro, o Município autorizou o ensino 100% presencial, mantendo o ensino remoto apenas para alunos com comorbidades. Turmas do Maternal II dos CMEIs retomaram o atendimento no dia 8 de setembro e do Maternal I retornarão dia 19 de outubro.