Um dos grandes aliados do Corpo de Bombeiros Militar do Paraná (CBMPR) nos combates a incêndios de maior proporção e no resgate em alturas, os caminhões com plataformas móveis completaram cinco anos de operação no Estado em 2024. Três equipamentos desse tipo foram entregues pelo governo do Estado à Corporação em 2019, tendo sido lotados em Curitiba, Maringá e Londrina, onde atuam em situações especiais nas suas cidades de origem e regiões adjacentes. A escolha dessas três unidades levou em consideração a altura das edificações, a quantidade média de incêndios e o número de prédios.

“Elas mudaram toda uma sistemática de atuação das nossas equipes, tendo em vista que nós só tínhamos um modelo de plataforma que estava em ação desde 1990, mas que não tinha uma agilidade como esse tipo tem”, explicou o coronel da reserva Gelson Marcelo Jahnke, que em 2019 era chefe da diretoria de administração e finanças do CBMPR, destacando os ganhos em missões relacionadas a grandes alturas e edificações.

“A plataforma traz agilidade para os bombeiros e já se demonstrou bastante importante em resgates de pessoas que não conseguiam sair de prédios, em incêndios. Melhorou a nossa capacidade de atuar em grandes ocorrências, devido à sua versatilidade. Ela é capaz de operar em ambientes mais estreitos, dependendo da forma como os braços dela são operacionalizados”, complementou.

Com 13 metros de comprimento e 4 metros de altura, o veículo não tem como passar despercebido nas ruas. Mas é em ação que ele realmente impressiona. Quando o sistema é acionado, surge uma longa escada, que serve também como um braço gigante com uma grande cesta de metal na ponta – que é justamente a plataforma móvel que dá nome a esse caminhão. Com sua ajuda, é possível atingir uma altura de 54 metros, equivalente a um prédio de aproximadamente 18 andares.

O alcance não é, no entanto, a maior virtude desse veículo, uma vez que as escadas mecânicas que vinham sendo usadas até então, as Magirus, também atingem os 54 metros. Uma das grandes vantagens do modelo mais recente é a forma como se realiza o deslocamento de bombeiros e vítimas. O equipamento comprado da empresa finlandesa Bronto Skylift, ainda no início da gestão Ratinho Junior, permite que pessoas sejam transportadas sem a necessidade de descerem manualmente a escada, degrau a degrau, ou por meio de um estreito “elevador” acoplado à escada.

No caso do modelo mais novo, a própria plataforma é quem leva seus usuários em segurança para o solo – e com um guarda-corpo elevado para impedir quedas e garantir a segurança de seus ocupantes. Essa característica proporciona, por exemplo, mais agilidade na remoção de pessoas com mobilidade reduzida ou inconscientes – que exigiria toda uma logística para serem retiradas pela escada mecânica.

Outro ponto importante, que a diferencia das Magirus, que seguem em atividade na Corporação, é que a auto plataforma mecânica (APM) é equipada com tanque e bomba para lançamento de água. A capacidade é de 4 mil litros – quase os mesmos 4,5 mil litros de uma ABTR (auto bomba tanque resgate).

“O foco da plataforma é o combate a incêndio em altura, mas também ela tem sido muito versátil na questão de incêndio em grandes barracões, principalmente na parte industrial. Porque você consegue ter uma visão melhor do incêndio”, relatou o coronel Marcelo, lembrando que esse ponto de observação elevado permite melhor planejamento e divisão de forças no combate ao fogo. E vai além. “Você pode trabalhar com até quatro operadores lá em cima, no cesto. Mas também se pode operacionalizar só com o esguicho automático que tem lá na ponta, para preservar a segurança do bombeiro”, acrescentou, referindo-se às mangueiras fixadas ao cesto da plataforma, que podem ser acionadas remotamente.

CAPACITAÇÃO  Quando as três plataformas mecânicas chegaram ao Paraná, em 2019, era preciso capacitar condutores para o novo veículo peso-pesado. E um dos 11 profissionais escolhidos para a tarefa em Curitiba era a então soldado – e hoje cabo – Josiane Aparecida Luquetta (CBMPR). Ela lembra bem da expectativa criada pela chegada dos novos equipamentos na Corporação.

“Quando soubemos que iríamos receber a plataforma, ficamos intrigados e animados. Fui indicada para realizar o primeiro curso de plataformeiros. Fiquei lisonjeada, mas sabia da grande responsabilidade que isso significava”, falou.

Segundo a bombeira, a operação de um caminhão dessa magnitude demanda não apenas técnica apurada na condução do veículo, mas também uma análise precisa do local em que ele será empregado, bem como do trajeto do deslocamento. Nem todo local de ocorrência tem condição de acesso para o veículo e espaço suficiente para manobrar os braços da plataforma.

OCORRÊNCIAS – Os três grandalhões da frota do CBMPR saem às ruas muito menos do que as viaturas de busca e resgate, as auto bomba ou, evidentemente, as ambulâncias do Siate, mas costumam ser muito eficientes nas crises que atendem.

“Já atendi várias ocorrências com a plataforma mecânica. A mais recente foi em um incêndio em uma escola de idiomas no Bigorrilho. A plataforma foi decisiva para controlar e extinguir o incêndio, já que não havia acesso pelo interior da edificação e a carga de matéria inflamável era grande. Nesse caso, era necessário o combate por cima da construção e com grande volume de água”, explicou a cabo Luquetta, que não tem dúvidas de que os equipamentos já pagaram seus investimentos.

“A plataforma é imprescindível em operações de combate a incêndio e salvamento em altura, possibilita resolução mais rápida no caso de grandes incêndios e garante maior segurança para os bombeiros e vítimas em todas as situações”, resumiu.