A cidade é uma das duas no Paraná escolhidas para instalar a biofábrica do Aedes Aegypti com a bactéria Wolbachia
Foz do Iguaçu se juntou às celebrações do décimo aniversário do Método Wolbachia no Brasil, uma iniciativa global para proteger contra doenças transmitidas por mosquitos. O evento ocorreu em Curitiba na última semana (29 e 30), contando com a participação de representantes dos municípios paranaenses beneficiados pelo projeto, da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Ministério da Saúde e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O secretário Municipal de Saúde, Ulisses Figueiredo, e a Supervisora Técnica do CCZ, Renata Defante Lopes, representaram a cidade que abriga uma das biofábricas da Wolbachia e começou a liberação dos mosquitos (wolbitos) no dia 26 de agosto. Durante o evento, Defante explanou sobre o trabalho desenvolvido no município e na biofábrica local, além das expectativas da equipe com o método.
Segundo a técnica, a iniciativa teve forte engajamento da comunidade, foi apresentada a toda a rede de ensino. “As expectativas de resultados são a médio e longo prazo”, explicou. “Temos excelentes perspectivas de redução da incidência de casos e, consequentemente, de otimização das ações de controle vetorial a partir de novas estratégias”.
O secretário Ulisses Figueiredo anunciou a intenção de expandir o programa até 2025 para que a Wolbachia atinja 100% do município de Foz do Iguaçu. “Também planejamos implantar o método na região de fronteira, nos municípios lindeiros, e disponibilizar a atual estrutura de Foz para atender o extremo oeste do Paraná, com o apoio financeiro de parceiros”. Em Foz, o projeto conta com o apoio da Itaipu Binacional.
A biofábrica de Foz possui cerca de 166 metros quadrados e está localizada no bairro Vila Boa Esperança. A soltura dos mosquitos, iniciada em agosto, tem previsão de duração de cinco meses. Mais de 26.156.800 wolbitos foram distribuídos em várias regiões da cidade.
MÉTODO WOLBACHIA – A Wolbachia é um microrganismo intracelular presente em cerca de 50% dos insetos da natureza, mas ausente no Aedes aegypti. Quando presente nestes mosquitos, impede que os vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela se desenvolvam, contribuindo para a redução dessas doenças.
Os mosquitos com Wolbachia, quando liberados no ambiente, se reproduzem com os mosquitos locais, ajudando a criar uma nova geração. Com o tempo, a porcentagem de insetos que carregam a Wolbachia aumenta. “É uma iniciativa que veio para somar, mas não se deve desprezar os cuidados tradicionais e contínuos”, afirmou o secretário. “A população precisa continuar inspecionando seus quintais, evitando água parada e entulhos, e ficar atenta aos ambientes da casa que podem ser focos do mosquito”.
O World Mosquito Program é uma iniciativa internacional sem fins lucrativos que trabalha para proteger a comunidade global de doenças transmitidas por mosquitos. No Brasil, a Wolbachia é conduzida pela Fundação Oswaldo Cruz, com financiamento do Ministério da Saúde, em parceria com governos locais. Teve início na Austrália, onde houve redução de 96% nos casos de dengue. Atualmente, está presente em mais de 20 cidades de 14 países.