Grupo integra programação do Carnafalls, que acontecerá nos dias 10, 11 e 13 de fevereiro na Praça da Paz e no dia 12, na Avenida Brasil

Ao ritmo de batucadas inconfundíveis e muita poesia melódica, o coletivo Kaburé Maracatu vai reverenciar a cultura popular brasileira na programação do Carnafalls, que acontecerá nos dias 10, 11 e 13 de fevereiro na Praça da Paz e no dia 12 na Avenida Brasil (organização dos blocos).

O nome do grupo vem do termo tupi-guarani “Kabu’ré”, que tem a significação de cafuzo, referente à miscigenação entre negros e indígenas. Fundado em 2016, na Vila C Nova, o grupo se dedica ao estudo e à manifestação da cultura popular e carnavalesca de matriz afro-brasileira e afro-indígena.

O maracatu é um dos mais antigos ritmos afro-brasileiros, com origem em Pernambuco, e com raízes em toda formação da identidade nacional, especialmente na região da tríplice fronteira.

“Estamos em um território historicamente de matriz guarani e que reflete as nossas origens, e, além disso, a própria cultura do maracatu de baque-virado engloba as religiosidades afro-brasileiras e afro-indígenas, como a Jurema Sagrada, cultuada em praticamente todas as nações de maracatu pernambucanas”, comentou o fundador do grupo, Rodrigo Birck.

De acordo com Birck, o coletivo surgiu a partir de uma demanda existente na região norte do da cidade, quando ainda não haviam atividades ligadas à cultura popular. “Eu e a Izabela Fernandes, também fundadora do grupo percebemos a potencialidade do maracatu, tanto por sua diversidade musical, quanto pela riqueza de elementos, que passam pela dança, pela composição do cortejo, ala com rainha, baianas, e passamos a trazer cada vez mais elementos para nossas apresentações. Neste ano, homenageamos o Orixá Xangô, patrono do grupo e da casa de asé a qual o grupo está ligado, o Ilê Asé Baru, com loas e uma performance toda especial”, comentou.

História
O coletivo surgiu no início de 2016, com seus primeiros instrumentos doados pelo grupo Maracutaia. Além disso, o coletivo também produziu os próprios artefatos. Os primeiros tambores foram produzidos no núcleo de uma família de pescadores da Vila C Nova e na casa de dona Márcia, matriarca do grupo e com a orientação espiritual da Iyalorixá Edna de Baru, madrinha do coletivo.

Os primeiros ensaios ocorreram no espaço cultural El Bardal, em Ciudad del Este. Nos meses seguintes, com a consolidação do núcleo familiar do grupo, os ensaios migraram para o Colégio Estadual Paulo Freire, também na Vila C Nova. No espaço, o coletivo ofertou oficinas para as crianças e adolescentes do colégio, com apoio de batuqueiros da comunidade externa.

Após alguns meses, o grupo migrou os ensaios para a Praça da Mentira com vistas a gerar maior interação e atração para a comunidade. Com o passar dos anos, o grupo foi crescendo, e se inserindo em apresentações culturais do calendário da cidade, como o Carnafalls, Fartal, Natal das Cataratas, Consciência Negra, entre outros.

Impactos comunitários
O coletivo também desenvolve projetos através do Fundo Municipal de Cultura, que possibilitou a formação de muitas crianças e jovens da comunidade. Atualmente, o grupo realiza oficinas e ensaios permanentes, todos os domingos, de forma gratuita, na Estação Cultural João Sampaio, na Vila C Nova.

Ao longo do ano, o grupo também traz oficineiros de fora da cidade, em especial de Recife e Rio de Janeiro, para promoverem formações na área.

Organização
O Carnaval é uma organização da Prefeitura de Foz do Iguaçu e Fundação Cultural, em parceria com o Parque Tecnológico Itaipu (PTI) e apoio do Foztrans, Polícia Militar, Guarda Municipal e Plusnet.

Foto: Coletivo Kaburé Maracatu